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Grande azar ou desleixo trágico: Carris ia fazer testes ao cabo no mês seguinte ao acidente

 


A Carris não cumpriu a recomendação do Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ) que determinava a realização de testes de fadiga ao cabo do Elevador da Glória até fevereiro de 2024. Esses testes são comparáveis, no campo da engenharia mecânica, às ressonâncias magnéticas feitas em humanos, capazes de detetar bolhas de ar, corrosão e fios partidos.

O primeiro cabo com núcleo de fibra foi instalado em dezembro de 2022 e inspecionado dois meses depois, sem detetar irregularidades. No entanto, o ISQ recomendou uma nova inspeção no prazo máximo de 12 meses, recomendação que não foi cumprida. A Carris substituiu o cabo apenas um ano e meio depois, sem ter solicitado a segunda inspeção dentro do prazo previsto.

De acordo com o relatório preliminar do GPIAAF, o cabo em causa operou até finais de agosto de 2024, sendo depois substituído por um novo exemplar que entrou em funcionamento a 1 de outubro do mesmo ano. Este acabou por rebentar no trágico acidente de 3 de setembro de 2025.

A empresa explica que não realizou a inspeção eletromagnética em 2024 por ter ocorrido uma “reparação geral com substituição do cabo”, garantindo ainda que uma nova inspeção estava prevista para outubro de 2025 — um mês depois do acidente.

Segundo o ISQ, em julho de 2022 já tinha sido detetada a necessidade de substituição de um cabo anterior, muito antes do limite previsto, devido a anomalias que comprometiam a segurança. Contudo, os sensores usados nas inspeções não conseguem avaliar as extremidades do cabo, onde se localiza a “pinha” de amarração à cabine — precisamente onde, segundo o GPIAAF, podem ter ocorrido falhas graves.

O relatório indica que radiografias por raios gama revelaram bolhas de ar no interior da peça, sinal claro de defeitos estruturais. Apesar das normas europeias exigirem inspeções mensais dessa natureza, estas nunca foram cumpridas pela Carris, deixando em aberto se uma verificação atempada poderia ter evitado a tragédia.

O caso levanta agora questões sobre a fiscalização e cumprimento de normas de segurança em infraestruturas históricas da capital portuguesa, num momento em que o GPIAAF prossegue a investigação às causas exatas do acidente.

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