Navalho: o talento esquecido que perdeu a vida em campo na Tapadinha
Paulo de Jesus Navalho, nascido a 24 de dezembro de 1967, é hoje um nome quase apagado da memória do futebol português. Contudo, foi um avançado formado no Sporting, Oriental e mais tarde no Benfica, onde se destacou pela sua força, rapidez e humildade.
Na manhã quente de 23 de agosto de 1987, durante um jogo de preparação entre o Atlético e o Al Jazira, o jovem avançado caiu inanimado no relvado da Tapadinha sem qualquer contacto. Apesar da entrada imediata do massagista e do médico adversário, Paulo Navalho não voltou a acordar, falecendo pouco depois no hospital.
O jornalista Vítor Cândido, destacado para o encontro, recorda que nada fazia prever tal desfecho: “A ambulância foi chamada, ele saiu para o hospital e o jogo continuou. Mais tarde soubemos que tinha morrido.”
O seu antigo colega Rui Pedro, médio que chegou ao plantel principal do Benfica, descreve Navalho como “um jogador poderoso fisicamente, sempre bem disposto e que nunca criava problemas”. Para ele, Navalho foi “um Féher antes do tempo”.
Com 19 anos, Paulo Navalho tinha talento, educação e era muito acarinhado pelos colegas. Ainda assim, com o passar dos anos, o seu nome caiu no esquecimento, talvez por ter jogado na II Divisão, “o futebol dos pobrezinhos”, como refere António Carraça.
O antigo dirigente e jogador recorda ainda o impacto emocional no plantel: “Nas primeiras jornadas andámos a navegar na maionese. Foi duro ultrapassar aquilo.”
Navalho vivia na Costa de Caparica e continuava ligado ao futebol, sendo visto como uma promessa com margem de crescimento. Hoje, permanece como símbolo das vidas curtas que o desporto, por vezes, leva sem aviso.
Com o reencontro entre Atlético e Benfica, antigos jogadores defendem que é o momento ideal para homenagear o jovem avançado e resgatar a sua memória para as novas gerações.
