Há 25 anos, adeptos impediram José Mourinho de treinar o Sporting
Recorda-se a conturbada semana de dezembro de 2000, quando o treinador esteve a minutos de assumir o comando técnico dos leões.
Cumpriram-se esta sexta-feira, 5 de dezembro de 2025, exatamente 25 anos desde o dia em que José Mourinho esteve prestes — segundo o próprio, “a minutos” — de ser anunciado como treinador do Sporting. O episódio, marcado por revolta dos adeptos e sucessivas reviravoltas, tornou-se um dos momentos mais intensos da rivalidade entre leões e águias.
A história começa no domingo, 3 de dezembro de 2000, após o Benfica derrotar o Sporting por 3-0 no Estádio da Luz. Nessa noite, Luís Duque, então presidente da SAD leonina, avaliava a saída de Augusto Inácio e via em Mourinho o nome ideal para a sucessão. O dirigente contactou o treinador e marcou um encontro imediato.
Já na madrugada de segunda-feira, Duque e Carlos Freitas reuniram-se com Mourinho na Quinta da Marinha. O técnico mostrou entusiasmo pelo projeto do Sporting, mas explicou que a sua prioridade era obter garantias da direção do Benfica sobre a renovação contratual.
Ao longo da segunda-feira, os contactos intensificaram-se. Mourinho voltou a pressionar Manuel Vilarinho por uma decisão rápida. Sem resposta concreta, avançou para novo encontro com Luís Duque, onde foi assinado um pré-acordo com o Sporting, válido por uma temporada, com opção por mais uma.
A situação, porém, complicou-se quando a informação da reunião chegou ao Benfica através de Humberto Pedrosa, próximo de Vilarinho. A 5 de dezembro, a crise instalou-se nos dois clubes: adeptos de Sporting e Benfica invadiram salas de imprensa e exigiram explicações, enquanto a comunicação social avançava que Mourinho estava de saída da Luz para assumir os leões.
Nesse mesmo dia, Mourinho apresentou a demissão no Benfica. Em Alvalade, Augusto Inácio foi informado de que deixava de ser treinador. Mas, quando Luís Duque tentou anunciar a mudança, adeptos leoninos entraram na sala de imprensa e rejeitaram de forma veemente a contratação do técnico. A contestação levou Duque a recuar.
A noite terminou em caos em ambos os estádios. No Benfica, a direção enfrentou resistência dos associados pela saída de Mourinho. No Sporting, Luís Duque foi pressionado a desmentir qualquer acordo com o treinador.
Nos dias seguintes, Augusto Inácio acabou por permanecer temporariamente no comando técnico, enquanto Luís Duque apresentou — e tentou retirar — pedidos de demissão. A hipótese Mourinho caiu definitivamente, e Fernando Mendes assumiu a equipa como treinador interino.
José Mourinho ficaria sem clube até ao final da época, ingressando depois na União de Leiria, antes de seguir para o FC Porto, onde iniciaria o percurso que o tornaria um dos treinadores mais bem-sucedidos da história.








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