Domingos Soares de Oliveira nega qualquer esquema ilegal no Benfica
Domingos Soares de Oliveira, ex-diretor executivo do Benfica, foi ouvido esta quinta-feira em tribunal e garantiu: “Nunca vi nada de especial entre Luís Filipe Vieira e Miguel Moreira.”
O antigo CEO, que agora trabalha na Arábia Saudita como administrador do Al-Ittihad, negou qualquer envolvimento num suposto plano de pagamentos fictícios dentro do clube. No banco dos réus, no processo conhecido como “Saco Azul”, disse de forma clara:
“Não conheço, nem participei em nenhum plano. Essa acusação é completamente falsa.”
Em causa estão contratos assinados com a empresa Questãoflexível, suspeita de servir como fachada para desviar dinheiro do clube. Segundo o Ministério Público, o esquema envolvia pagamentos fictícios de cerca de 1,8 milhões de euros — e o dinheiro acabaria por regressar ao Benfica em numerário.
Mas Domingos diz que nunca soube disso. E explicou: ao longo dos seus 20 anos no clube, assinava milhares de documentos. Só contratos, diz ele, eram cerca de 20 por dia.
“Muitos eram operacionais e não entrava nos detalhes”, justificou.
Sobre a Questãoflexível, disse que só ouviu falar depois das buscas feitas pela Polícia Judiciária no Estádio da Luz. E admitiu que foi aí que procurou explicações junto de Miguel Moreira, responsável direto por esses contratos.
Soares de Oliveira também desvalorizou a ideia de haver movimentações suspeitas com dinheiro vivo no clube.
“Nunca vi cofres ou sacos de dinheiro. E se visse, não pactuava com isso”, garantiu.
Quando confrontado com os valores pagos à empresa — cerca de 22 mil euros por mês — defendeu que esse tipo de serviços informáticos exige custos elevados, sobretudo com a escassez de técnicos especializados em Portugal.
E mesmo sem conhecer bem o proprietário da empresa, José Bernardes, lembrou que há pessoas com grande talento informático sem formação formal, e que já trabalhou com vários assim.
O processo continua a ser julgado no Tribunal Central Criminal de Lisboa. Para além de Domingos Soares de Oliveira, também Luís Filipe Vieira (ex-presidente), Miguel Moreira (ex-diretor financeiro), José Bernardes, Paulo Silva e José Raposo são arguidos. Até a Benfica SAD e a Benfica Estádio enfrentam acusações formais.