Desalojamentos nocturnos deixaram dezenas sem abrigo após intervenção da UIR
Várias famílias continuam a dormir ao relento no bairro do Albazine, na Cidade de Maputo, depois de, na madrugada de segunda-feira, agentes da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) terem invadido parcelas e destruído habitações por alegada ocupação ilegal do terreno. Testemunhas descrevem cenas de pânico e desespero, com mulheres, homens e crianças a improvisarem abrigo ao ar livre.
Segundo moradores, a operação policial começou por volta das 04h00 e voltou a intensificar-se na noite de segunda-feira, por volta das 22h30, obrigando famílias a abandonar as suas casas de caniço. “Estávamos a preparar-nos para descansar quando chegaram as forças policiais e mandaram-nos sair”, contou Maria Laura, afectada pela acção.
Alguns desalojados relatam que foram forçados a demolir as próprias habitações pelos agentes. Carlos Melequisso disse à reportagem que, além de passar noites ao relento, tem sido difícil garantir alimentação digna desde que perdeu a morada. “Fomos apanhados de surpresa. Muitos só queriam dar um tecto digno aos filhos”, lamentou.
Vizinhos têm oferecido abrigo apenas para guardar bens essenciais, enquanto famílias cozinham e dormem na rua, sob vigilância policial. Até ao momento, as autoridades mantêm silêncio sobre as motivações do despejo, não sendo conhecido o proprietário do terreno nem a origem da ordem de expulsão.
O terreno foi ocupado por cerca de 20 famílias em Fevereiro, durante a vaga de ocupações que se seguiu às manifestações pós-eleitorais; algumas habitações já eram de material convencional. Os moradores apelam agora ao Governo ou ao eventual proprietário para que sejam iniciadas conversações e encontradas soluções que evitem uma crise humanitária na comunidade.







