Lista única encabeçada por Rúben Bastos, “Tico”. Protocolo com o clube ainda é incógnita
Há noites que mudam o rumo de uma temporada — e sábado pode ter sido uma delas. Num ato eleitoral relâmpago, com apenas uma lista a votos, os Super Dragões (SD) oficializaram uma nova Direção. À frente, um nome que já vinha mandando no terreno: Rúben Bastos, “Tico”. Ele liderou a principal claque portista durante a época passada através de uma comissão administrativa de 13 elementos; agora, assume o leme com órgãos sociais formalizados — mas com caras novas e mudanças internas que já estão a dar que falar.
A transição não veio sem faíscas. Entre os 13 da liderança transitória, as divergências eram reais e tornaram-se públicas quando surgiu um comunicado explosivo da claque admitindo, entre outras acusações, “falhas graves na gestão dos fundos”. A resposta de Tico foi de cortar o ar: classificou o documento como “um texto que envergonha o nome dos Super Dragões”, garantindo que foi publicado à revelia de vários elementos.
Resultado? Rachas internas expostas, vigilância máxima dos adeptos e um escrutínio sem precedentes sobre quem manda — e como manda — na bancada mais temida do país.
Uma Direção nova… e um vazio no protocolo com o FC Porto
Se dentro há rearrumações, fora o tabuleiro é ainda mais delicado. Neste momento, não existe protocolo entre os SD e o FC Porto para a presente temporada, depois de ter sido denunciado pelo próprio grupo organizado. E o que isso significa, na prática?
Sem acordo, não há lugar reservado no Topo Sul do Dragão;
A claque não pode atuar em pleno, perdendo coreografias, logística e impacto habitual;
A pressão recai sobre a nova Direção, que terá de provar autoridade interna enquanto negocia externamente.
O que está em jogo agora
1- Unidade interna: Tico precisa de fechar feridas e alinhar discurso. Sem coesão, qualquer negociação nasce ferida.
2- Transparência financeira: Depois das acusações públicas, prestar contas deixa de ser opção e passa a ser obrigação.
3- Negociação com o clube: O relógio corre. Sem protocolo, o Dragão perde a sua onda sonora — e a equipa, um dos seus trunfos psicológicos.
E se não houver entendimento?
Cenário limite que ninguém quer, mas que já se sussurra nas bancadas: jogos sem a força total dos SD, ambiente mais frio, contestação espalhada em pequenos núcleos e menos controlo sobre o que acontece fora das quatro linhas. Para um FC Porto que vive da intensidade, seria um tiro no pé.
O grito que falta
A eleição de sábado deu a Tico um carimbo oficial; agora, o líder terá de provar que consegue domar a tempestade. Com adeptos a pedir voz, transparência e presença no estádio, a bola está do lado da nova Direção: unir a claque, reabrir pontes com o clube e devolver o rugido ao Topo Sul.