Chamo-me Dorena. Sou mãe e também vendo legumes.
Hoje, encostei-me a esta velha parede, com o meu filho ao colo e a colheita de um dia inteiro ao meu lado.
O sol queima, o vento é quente, passam muitas pessoas, mas ninguém para para me olhar,
ninguém pergunta: “Estás bem?”
Guardo os melhores legumes para os clientes, e o melhor do meu amor para o meu filho.
Às vezes penso: viver não é nada fácil, mas a respiração e o sorriso do meu filho são a força que me faz aguentar.
Não peço aplausos, nem piedade, apenas… se não for pedir demais,
diz-me só: “Olá, Dorena.”
Talvez assim, hoje eu não me sinta tão sozinha.
Mesmo uma simples saudação pode ser um bocadinho de luz para eu continuar a viver.







